terça-feira, 26 de abril de 2011

Num mundo em que homens criam inteligência artificial que poderá superar a humana, uma inteligência artificial na qual não existe o verbo "sentir"..., nesse mundo haverá lugar para a Arte? No dia em que deixar de existir arte, a humanidade acaba. Poderão começar as máquinas, ou talvez comece uma nova espécie. Mas o ser humano, tal como o conhecemos (conhecemos?) acabará.
A maioria das pessoas não se apercebe mas a arte está em todo o lado. Capta-nos o olhar por um segundo, e mesmo que seja para o desviar logo de seguida, aquele segundo foi de admiração; pode prender-nos a audição de tal maneira a ser impossível fazer algo mais além de preencher aquele momento. Por isso penso que sem essas especialidades, esses sentimentos, por vezes avassaladores, , a nossa espécie muda radicalmente. O ser humano precisa disso, nós precisamos de algo que nos toque, que mexa na nossa rotina, que mexa na nossa ordinariedade.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tudo

Desde pequenos que nos habituam a pensar no que queremos ser quando formos grandes. Todos os meninos ficam entusiasmados a pensar no futuro que terão como cientistas, astronautas, futebolistas, o que quer que desejem ser. Mas isso não levará a uma perspectiva de vida extremamente limitadora? Eu sei o que quero ser quando for grande, e tenho o meu caminho traçado para cumprir esse objectivo. Mas há tanta coisa que eu quero fazer, tantos mais objectivos para concretizar. Mas o que é certo é que o meu pensamento está moldado para pensar numa vida em que uma só carreira ocupa todo o espaço existente. Não há tempo para viagens, voluntariado. Conhecimento. Deve ser essa a meta imposta ou proposta aos meninos. Conhecimento. Mais e mais, conhecer, absorver, ler, todos os termos equivalentes e mais alguns. Eu sinto-me com essa sede, essa vontade de absorver tudo o que me rodeia, não deixar escapar nada. Nada.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Jovenes

A volta é sempre terrível. O retorno ao mundo real, a falta de contacto com as novas pessoas, os "brinquedos" novos. Sim, é o que são. Não nos conhecem, não os conhecemos, mas adoramo-los, como se fossem isso mesmo, brinquedos novos. E a realidade sem eles parece-nos sem graça, sem aquele brilho próprio. Será sensato? Para os amigos que ficaram, o tempo passa a correr. Para os que foram, passou-se uma eternidade. Uma semana? Pois sim. Vivemos aqueles momentos com tamanha intensidade... Eu sei, eu vivi. Partiram-me o coração, para alguém mo voltar a acalorar de novo. Ri; não chorei, mas estive lá quase. Amizades foram reforçadas, amizades foram feitas. Música foi feita. Mas... toda e qualquer palavra que use não poderá definir nem de perto os sentimentos que nos dominaram, e penso que posso dizer que esses foram bastante semelhantes entre cada um de nós. Passados cinco anos, parece que tudo está diferente; mas na verdade, nada mudou.

Sensemayá


Canto para matar una culebra
¡Mayombe-bombe-mayombé!
¡Mayombe-bombe-mayombé!
¡Mayombe-bombe-mayombé!
La culebra tiene los ojos de vidrio
la culebra viene y se enreda en un palo
Con sus ojos de vidrio, en un palo
Con sus ojos do vidrio
La culebra camina sin patas
La culebra se esconde en la yerba
Caminando se esconde en la yerba
Caminando sin patas
¡Mayombe-bombe-mayombe!
¡Mayombe-bombe-mayombé!
¡Mayombe-bombe-mayombé!

Nicolás Guillén


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Elegia

Estou em casa. Aqui, onde recolhi as memórias que, hoje, me preenchem a cabeça. Estou em casa e vejo outro sítio. Estou em casa e não vejo pessoas familiares. Estou em casa e vejo pessoas a manipular outras, estou em casa e vejo pessoas a quererem ser mais que outras, estou em casa e vejo pessoas a mandarem noutras, estou em casa e ninguém é quem diz ser, estou em casa e tudo me soa a falso, estou em casa e não vejo verdade. E quero uma explicação? Eu tenho-a. Os tempos mudam, dizem eles. E eu concordo. Sim, os tempos mudam, mas eu continuo aqui. O meu tempo não mudou. Mas o Tempo mudou. E eu continuo no antigo tempo. Esse tempo, esse longínquo tempo em que eu tinha os meus verdadeiros companheiros comigo, a meu lado, éramos todos iguais. E de vez em quando eu esforço-me por relembrar esse tempo. Mas esse esforço custa. Não é irónico termos de nos esforçar para voltar a sentir aquele tão precioso silêncio da sala de convívio à noite, aquele constante ambiente de liberdade, de simplicidade? Não é possível explicar o antigo tempo a quem não o viveu. Por muito que me tente adaptar, não consigo. Não consigo! As coisas mudaram, ficaram terríveis! Novas pessoas vieram que não conhecem a minha casa. Não conhecem por muito que digam que sim. Não conhecem.

sábado, 2 de abril de 2011

Aguarela do Brasil



Aloysio Oliveira