quarta-feira, 30 de março de 2011
Vozes
Preciso de desligar as vozes dentro da minha cabeça. Dizem-me isto, dizem-me aquilo, tanta coisa, tantas palavras. E são-me dirigidas com tal veemência! Eu não as percebo todas. As construções que fazem com as tais palavras, algumas não as percebo. Farão sentido de onde vêm, mas não para mim, que as 'ouço'. Que me deixem com as minhas construções. Que construam quando tal lhes for requisitado. Peço, apelo, rogo, que me deixem. Não percebo. Que me deixem!
sábado, 26 de março de 2011
Ilusão II
Quando a imaginação não pede, quando essa rara criatura se solta, sem rédeas, vejo. Devaneio, devaneando.
terça-feira, 22 de março de 2011
Alta definição
When you were here before, couldn’t look you in the eyes. Chão. Nada mais que chão. I wish I was special, you are special. Pessoas que passam por mim e olham, porque eu choro. But I’m a creep. «Uma facada no coração». I’m a weirdo. Que foi? Tu não percebes. Ninguém percebe. She’s running out. Run, run, run, corre…
domingo, 20 de março de 2011
A Confissão Final
"Os anos se passaram, meu caro Manuel Valadares. Hoje tenho quarenta e oito anos e às vezes na minha saudade eu tenho impressão que continuo criança. Que você a qualquer momento vai me aparecer trazendo figurinhas de artista de cinema ou mais bolas de gude. Foi você, quem me ensinou a ternura da vida, meu Portuga querido. Hoje sou eu que tento distribuir as bolas e as figurinhas, porque a vida sem ternura não é lá grande coisa. Às vezes sou feliz na minha ternura, às vezes me engano, o que é mais comum.
Naquele tempo. No tempo de nosso tempo, eu não sabia que muitos anos antes, um Príncipe Idiota ajoelhado diante de um altar perguntava aos ícones, com os olhos cheios d'água:
"POR QUE CONTAM COISAS ÀS CRIANCINHAS?"
A verdade, meu querido Portuga, é que a mim contaram as coisas muito cedo.
Adeus!"
Naquele tempo. No tempo de nosso tempo, eu não sabia que muitos anos antes, um Príncipe Idiota ajoelhado diante de um altar perguntava aos ícones, com os olhos cheios d'água:
"POR QUE CONTAM COISAS ÀS CRIANCINHAS?"
A verdade, meu querido Portuga, é que a mim contaram as coisas muito cedo.
Adeus!"
Meu Pé de Laranja Lima, José Mauro de Vasconcelos
sexta-feira, 18 de março de 2011
Oscar
Eu deveria receber um prémio por este papel.
Aguento, aguento, aguento. Até quando? Bela pergunta. Gostaria que me dissessem, para eu dormir até lá. Não quero conviver com esse tempo. Esse tempo que se arrasta, esse tempo que sufoca, tempo que magoa. Sim, o tempo magoa. E é bruto. Não daquele bruto que deixa nódoas negras, não. Deixa marcas cá dentro. Deixa marcas na mioleira, deixa marcas no coração, no sangue que nos corre nas veias. Eu sou o reflexo do tempo que não passa. Eu sou o reflexo da estagnação. Estou estagnada. Sou estagnada. E então? Alguém se preocupa? Alguém nota? Não. Mas não faz mal. Quem vive preocupado, pensa no futuro, no que pode acontecer. Eu não, sou estagnada (lembram-se?). Não me ralo.
Aguento, aguento, aguento. Até quando? Bela pergunta. Gostaria que me dissessem, para eu dormir até lá. Não quero conviver com esse tempo. Esse tempo que se arrasta, esse tempo que sufoca, tempo que magoa. Sim, o tempo magoa. E é bruto. Não daquele bruto que deixa nódoas negras, não. Deixa marcas cá dentro. Deixa marcas na mioleira, deixa marcas no coração, no sangue que nos corre nas veias. Eu sou o reflexo do tempo que não passa. Eu sou o reflexo da estagnação. Estou estagnada. Sou estagnada. E então? Alguém se preocupa? Alguém nota? Não. Mas não faz mal. Quem vive preocupado, pensa no futuro, no que pode acontecer. Eu não, sou estagnada (lembram-se?). Não me ralo.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Off
Sinto-me passiva. Sinto-me insignificante. Sinto que estou em stand-by, à espera que a minha vida comece realmente. ACORDA!!! Havias de morrer amanhã para aprender.
terça-feira, 1 de março de 2011
Invisibilidade
Vivo presa no conceito de uma existência vista por todos, que todos percebem, de uma existência com a qual todos contactam, mas que no entanto passa despercebida, na medida em que não é encarada na sua essência. Existe, mas não existe de verdade, porque aos olhos do outro não é o que é. Vivo, existo, mas eles não me vêem. Porquê? Porquê...?
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